Não é que me traumatize ou me orgulhe. Por vezes tira-me o sono, outras, faz-me sorrir com algumas saudades masoquistas.
Tinha 13 anos quando eles deixaram de dormir. Era uma garota feliz, com preocupações básicas e fulcrais - quem seria o meu primeiro namorado e qual o presente de Natal a pedir nesse ano. Vivia pacatamente, já com o feitio afinado. Sabia tudo sobre tudo, e não se podiam atrever a chamar-me à atenção. Prepotente e segura de mim mesma, mas incrivelmente despreocupada com a vida, que deveria agitar os adultos, não as pré-adolescentes mimadas.
Tinha 13 anos quando eles deixaram de dormir e perceberam que a excitação de falar mais do que ontem, começava a acalmar. O sono era maior que a vontade de brincar e as dores nas costas, não faziam sentido àquele miúda que fazia desporto desde os 6 anos.
Já não me importava comer, já não me importava ser a principal nas festas escolares. Queria o meu canto recatado e que falassem baixinho, porque tinha muito sono. Nunca falei disso, senão ao meu diário amarelo, mas agora o tempo passou e urge-se que as reflexões me ensinem a crescer.
Tinha 13 anos quando eles deixaram de dormir porque o seu bebé tinha cancro.
2 comentários:
acho verdadeiramente impressionante, pensares pelo lado dos teus pais. porque eles sofrem a dobrar, por eles e pelos filhos. nem consigo imaginar o que seria passar pelo mesmo problema. todos nós pais pensamos muitas vezes " e se fosse comigo? ",mas não realizamos na realidade!
Adorei. Intenso e verdadeiro. Só espero nunca ter de passar por nada igual :(
És uma forte, pa! De espada e escudo.
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