terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nunca se esquece um verdadeiro sol. Mesmo que se sinta que nada mais há a uni-lo. E há a falta e há a vida que salta e sai solta e sabemos que nada mais será igual. Mesmo que o cenário mude, o serão mantém-se igual, como aquela gargalhada forte que se dá sempre naquela piada repetida. Depois os cheiros confundem-se e as rotinas alteram-se, mas o intimo mantém-se alerta. Queremos sempre as mesmas respostas, queremos sempre as mesmas graçolas, queremos sempre as mesmas necessidades básicas que só aquela alma conhecia tão bem. Mesmo quando negava saciá-las. E nós desistimos de mostrar as fraquezas aos outros. Nunca as compreenderão, certo? O nosso antigo amor conhecia-nos tão bem e se ele já lá não está, porque haveria outro querer saber de nós? Porque haveria outro conhecer-nos melhor que a nossa sombra?
Podemos sempre tentar. Não é proibido que isso se faça, aliás, até se aconselha. Podemos sempre tentar ser felizes e sempre tentar amar de novo. Resta-nos rezar para que a sorte nos ilumine e transforme a nossa amargura num futuro melhor. É que sentiremos sempre falta. Mesmo que seja uma falta falsa, porque o nosso antigo amor já nos enterrou.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Dez motivos para não gostar de ti

Gosto de ti e sei dar-te dez motivos para não gostar. 
Mas depois nesses dez, subtraio  três porque foram motivos dados quando estava alcoolizada e ficaram sem credibilidade. Dos que sobram, subtraio dois, porque estava com TPM e com as hormonas alteradas; subtraio mais três, porque estava com birra de sono e de fome o que leva a uma irritação fora do normal, retiro mais um, porque estava só a ser estúpida e, finalmente, tenho um único motivo para não gostar de ti. Mas acabo por o retirar também, porque é tão insignificante longe dos outros nove...

Percebo que tenho mais motivos para te adorar do que dez motivos para duvidar disso.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Natal é: Toy Story!

Vem aí o Natal! Vamos todos fechar-nos em casa, desligar as televisões e receber o Natal em família? Naaaaa. Vamos todos fechar-nos em casa para não cairmos na tentação de ver o Figueiras a cantar músicas natalícias. 
Ninguém, ninguém mesmo, por mais desesperado que esteja, consegue resistir a comprar alguma coisa nesta época do ano. Se temos dois euros  na carteira e muita fome, vamos comprar o quê? Um gorro nos indianos. E saímos contentes porque nos sobraram 0.50 cêntimos. Nem os sem abrigo resistem a este espírito consumista: em vez do habitual cartaz "ajudem com qualquer coisinha", passamos a ter "ofereçam qualquer coisinha". Falando nisto, acho que os sem-abrigo são as pessoas mais felizes no Natal porque são as únicas que não se ofendem, e até agradecem, "porque era isso mesmo que estava a precisar", se lhe oferecerem um par de meias...
Já os putos são seres completamente insaciáveis. Se oferecemos uma boneca que fala, come, faz xixi, tem hemorróidas, conduz pesados, arrota o alfabeto em 10 línguas e AINDA traz três mudas de roupa diferente, o puto diz o quê? Quer trocar de prenda porque a boneca não vem completa. E nós fazemos o quê? Trocamos a boneca por outra exatamente igual mas muito mais cara. Ah, mas assim esta já serve. É mais divertida.
O Pai Natal é aquele gajo que não inspira confiança: Trabalha uma vez por ano e ainda por cima adora crianças. Pior, pede-lhes que abram o seu grande saco, metendo a mão lá dentro... isso claro, se quiserem um presentinho. E gosta que o chamem de paizinho, o Pai Natal. Mas como é famoso,e representa uma grande marca, a coca-cola, ninguém faz nada! Ai Pai Natal, Pai Natal, só faltava pedires às crianças para se sentarem ao teu colo para eu achar isto tudo macabro... ok, já fazes isto.
Há uma única coisa que eu acho fantástica no Natal: os gorros vermelhos com pompons brancos. É tão bom andar na rua e não ter de chamar nomes a ninguém, os idiotas identificam-se sozinhos! Adoro!

Feliz Natal e muitos presentinhos - sério crianças, não adormeçam nessa noite, um olho aberto e o outro bem fechadito... 

sábado, 10 de dezembro de 2011

O amor é: dentes arrancados

O amor.
Não há tema mais batido que este. Dão lhe prioridade absoluta, como se fosse vedeta de todas as festas. Enchem-no de características, definem-no, criticam-no mesmo quando veneram o seu poder. O amor. A maior prisão da sobrevivência - aliás, o que de mais se parece com a morte: afinal ninguém está livre dele.
Dá-me dores na barriga ao falar de amor - não, não são as tais borboletas que crescem no estômago quando Ele passa (Deus me livre imaginar que tenho larvas a crescer dentro de mim), mas dores fortes, naturais,  como se alguém me desse um soco. É que porra, o amor dói. Dói como quando nos arrancam um dente - aquela dor aguda, interminável que sabemos não querer repetir. Até juramos preferir que apodreçam todos os dentes (DA FRENTE!) do que voltar a sentir a dor aguda. O amor assemelha-se a três dentes arrancados, sem anestesia e com a sensação de que o dentista não lavou as mãos. 
Mas voltamos lá. Com medo, a tremer, a hesitar. Lemos dez vezes a placa que diz "Dentista" e confirmamos a morada. Sabemos que vai doer, sabemos que aquele nem será o dentista melhor, mas voltamos lá. Afinal, ninguém vive com dentes podres. E como um dente prestes a arrancar, voltamos a cair na tolice de nos apaixonarmos. E lá está ele: a acenar com a sua pinça mágica, ou piça mágica, como quiserem, e nós caímos outra vez. Sorridentes. Prontinhos a sofrer uma dor aguda. 
Não me falem dele de forma sorridente - não se esqueçam, estamos sem dentes. Falem-me dele com bastante ódio, afinal ele arruína-nos. Faz-nos sentir especiais, únicos, mestrados. Até vestimos aquelas calças que nos ficam tão mal e desfilamos orgulhosos. É a sombra perfeita - cuspam-me na cara e limpem-me os olhos por favor.
E depois o dente sai, as calças ficam, o dentista reforma-se ou prefere arrancar dentes, à paulada, à secretária copa Best, e nós ficamos novamente agarrados à coca: Cromos que Ouviram Conselhos de Apaixonados, para lá está, se apaixonarem.
Enquanto puder fugir do dentista, fugirei. Espero que não me apanhem. Não quero esta dor aguda. Para isso já me chegam as dores menstruais, que também são vermelhas como o amor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Independentemente do tempo

Sinto a vossa falta. As coisas não deviam desaparecer com o tempo, deviam tornar-se mais fortes e verdadeiras. 
As pessoas deviam ceder. Deviam perceber as razões dos afastamentos e ceder. Não deixar passar, incrédulos, o tempo para depois de o tempo ter passado, suspirar-se por o presente se ter extinguido, antes do tempo previsto.
As coisas não deviam ser tão feias. Devia-se ter uma caixa de madeira, como se fosse um baú, e guardar-se lá dentro as risadas, os conselhos, os abraços, as confissões e as juras de amizade eterna. Não se deveria questionar sentimentos. Somente questionar-se acções. Mas se essas acções são imperceptíveis como os sentimentos, dever-se-ia fazer cafoné,  falar-se baixinho e dizer "não faz mal, anda para aqui."
As coisas correm, na nossa tranquilidade caseira, até que num dia perfeitamente comum, banal e indiferente, algum acontecimento há-de mudar a vida de cada uma de nós. E aí, as restantes, vão querer correr para o baú, lembrar à pressa e com força todas as recordações passadas, mas já será tarde de mais. Devíamos antes, limpar o que temos lá guardado e lembrá-lo todos os dias, em vez de o deixar encher-se de poeira e esperar que as recordações morram, como o tempo ou a própria vida.
Quero-vos dizer que sinto a vossa falta. Independentemente de tudo. Não quero correr para o meu baú velho e limpar tudo à pressa, quando não der tempo. Quero olhar para um retrato antigo e sentir que é recente.
Gosto de vocês, independentemente do tempo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MEU GRANDE BURRO

Às vezes percebo tudo o que me dizes,
às vezes acho impossível essa linguagem que utilizas.
Pareces doutros povos, pareces doutras mentes,
és tão antagónico como presente,
és tão passado como figura do futuramente.

Não sei se entendo os teus gestos, que me parecem tão subtis,
são grosseiros, são certeiros, são doentes e infantis.

Porque gosto tanto de ti, se não me entendes?
Não lês o que te digo, não ouves o que te falo –
Se te peço abrigo é porque te necessito,
Se te peço espaço, é porque em ti me abafo,
Se digo o dito pelo não dito é só para que me interrompas – para que te faças remarcar, seu idiota!
Não vês que prefiro que me mandes calar, do que me desprezes parado?
Acho que no fundo, prefiro um olhar teu a matar,
do que esse olhar apagado.

Quero que me espreites,
Quero que me deites,
Quero que me faças esquecer o que me afastou de ti. Não quero que me afastes mais. Quero que me prendas mais, mesmo que nunca me tenhas tido. Mesmo que sejas sempre tu quem sai, e mesmo que eu nunca tenho ido.

Porque não entendes a minha poesia? Terei de escrever o TEU nome para te parecer familiar?!?
Sai do teu conforto e vem para o meu lugar.

Meu burro. Meu grande burro. E havia eu de gostar de ti.