quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MEU GRANDE BURRO

Às vezes percebo tudo o que me dizes,
às vezes acho impossível essa linguagem que utilizas.
Pareces doutros povos, pareces doutras mentes,
és tão antagónico como presente,
és tão passado como figura do futuramente.

Não sei se entendo os teus gestos, que me parecem tão subtis,
são grosseiros, são certeiros, são doentes e infantis.

Porque gosto tanto de ti, se não me entendes?
Não lês o que te digo, não ouves o que te falo –
Se te peço abrigo é porque te necessito,
Se te peço espaço, é porque em ti me abafo,
Se digo o dito pelo não dito é só para que me interrompas – para que te faças remarcar, seu idiota!
Não vês que prefiro que me mandes calar, do que me desprezes parado?
Acho que no fundo, prefiro um olhar teu a matar,
do que esse olhar apagado.

Quero que me espreites,
Quero que me deites,
Quero que me faças esquecer o que me afastou de ti. Não quero que me afastes mais. Quero que me prendas mais, mesmo que nunca me tenhas tido. Mesmo que sejas sempre tu quem sai, e mesmo que eu nunca tenho ido.

Porque não entendes a minha poesia? Terei de escrever o TEU nome para te parecer familiar?!?
Sai do teu conforto e vem para o meu lugar.

Meu burro. Meu grande burro. E havia eu de gostar de ti.

1 comentário:

Diogo disse...

Muito bom. Gostei bastante deste texto. Andas inspirada?