segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Quero lá saber



Danço, na dança que criei, com um ritmo estranho,
um acorde atrapalhado, um tom que destoa,
um passo mal dado, um vestido que não acentua,
uma musica estranha, que faz o meu corpo, mal feito, fazer a dança,
que me faz suar e rir, numa roda tonta, que na volta, me faz cair,
por ser uma dança, tão fraca de qualidade, que marca magoa a anca,
porque fui apenas eu que a fiz.

E na minha cambalhota louca,
de riso oco e mouco,
oiço o meu coração bater,
num frenesim de quem tem tão pouco a perder,
tão nada a ganhar, numa inconsciência solta,
de que ser-se feliz é só a troca,
do mal pelo bem, do eu, pelo quem?,
do meu mundo, isolado, inventado, malcriado às vezes,
narcisista, de quem faz uma dança só para ela, e que ninguém gosta.

E agora numa confissão secreta,
perguntam-me se me importo:
Quero lá saber a nota correta, ou o conhecer o artista da moda.
Quero é ser eu, feita de batota,
feita de falha, gralha, como aquele que tem dois,
mas só lhe funciona um rim.

Quero ser aposta grossa, dum mal enfeitiçado,
e não uma linda garota,
que tem o nome ali gravado, para o Presidente assinar.
Sou só eu - um maço de grande atrapalhação,
trago o importante, aqui junto ao coração.

Sem comentários: