domingo, 16 de setembro de 2012

O suficiente

Já percebo porquê que as coisas boas, verdadeiramente especiais, acontecem quando não estamos à espera. Porque se estivéssemos, certamente teríamos tudo planeado: a máscara perfeita, o sorriso composto, o cabelo arranjado, os argumentos refinados. Nada poderia falhar no encontro perfeito com a felicidade, que seria, em pouco tempo, transformada num bolo de hipocrisia.
Agora sento-me na esplanada a mirar quase nada. Não espero que me escondam os olhos, e digam "advinha quem é", porque afinal, já não quero saber. Perdi a curiosidade mesquinha de querer abrir os presentes antes da noite do Natal, agora quero apenas pegar no papel de embrulho e gabar-lhe a cor. Acho que foi assim que apareceste. Num dia banal, nada expectante, sem papel de embrulho e sem sirene, a avisar. Apareceste. Nada de espectacular, nada de evidente, nada que esperasse - e foi o suficiente. Sem alarido, fizeste de uma sexta-feira 13, dia de Natal e fizeste do meu sorriso, o mais bonito. Ele abriu-se, com o tempo, e rasgou-se, sem querer. Não foi forçado, não foi esperado, não foi necessário, mas foi suficiente.

O suficiente para te adorar.



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