terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Independentemente do tempo

Sinto a vossa falta. As coisas não deviam desaparecer com o tempo, deviam tornar-se mais fortes e verdadeiras. 
As pessoas deviam ceder. Deviam perceber as razões dos afastamentos e ceder. Não deixar passar, incrédulos, o tempo para depois de o tempo ter passado, suspirar-se por o presente se ter extinguido, antes do tempo previsto.
As coisas não deviam ser tão feias. Devia-se ter uma caixa de madeira, como se fosse um baú, e guardar-se lá dentro as risadas, os conselhos, os abraços, as confissões e as juras de amizade eterna. Não se deveria questionar sentimentos. Somente questionar-se acções. Mas se essas acções são imperceptíveis como os sentimentos, dever-se-ia fazer cafoné,  falar-se baixinho e dizer "não faz mal, anda para aqui."
As coisas correm, na nossa tranquilidade caseira, até que num dia perfeitamente comum, banal e indiferente, algum acontecimento há-de mudar a vida de cada uma de nós. E aí, as restantes, vão querer correr para o baú, lembrar à pressa e com força todas as recordações passadas, mas já será tarde de mais. Devíamos antes, limpar o que temos lá guardado e lembrá-lo todos os dias, em vez de o deixar encher-se de poeira e esperar que as recordações morram, como o tempo ou a própria vida.
Quero-vos dizer que sinto a vossa falta. Independentemente de tudo. Não quero correr para o meu baú velho e limpar tudo à pressa, quando não der tempo. Quero olhar para um retrato antigo e sentir que é recente.
Gosto de vocês, independentemente do tempo.

2 comentários:

Diogo disse...

Gostei. Bastante sentido. Acho que todos nós nos vemos um bocado nestas palavras.

Pode repetir o que disse? disse...

Obrigada meu fiel amigo :) este texto custou me escrever. foi para duas pessoas que gosto muito, apesar do que está a acontecer connosco. como em tantas outras amizades. espero que se revejam nestas palavras e que o amor perdure.