sábado, 24 de março de 2012

Serás?

Às vezes parece que as coisas nunca vão mudar.
São o que são, porque são, sem explicação e não passam daquele mudismo barulhento -
aquele que diz, que em avanço lento, tudo o que existe desaparecerá - 
sem nos podermos ter engrandecido, morreremos sem verdadeiramente termos existido. 
Mas depois aparece um som. Parece uma gargalhada? Um coração farto? Uma cara bem encarada?
um gracejo, será? um olhar mais forte, com abraço mole, um riso com sorte,
que se estende a mim? serei eu, lá longe, em miragem alucinante, ou serás tu, a corte,
o cavaleiro mirante?
Esfrego os olhos, meio ensonados, será cansaço, fruto dos trabalhos, ou serás tu, sonho mais amalucados?
Quero rir disso e desconfiar. Desconfio, desacredito, porque custa acreditar.
Serás tu fonte da minha vontade incrivel de querer viver isto?
Espero que não sejas um desejo, nem um anseio, nem a vontade só de um beijo,
espero que sejas o sinónimo, o lugar, a certeza, a música certa.
Não sei porque me sinto ligada a ti. Mas sinto que já existias antes de te conhecer.

sábado, 17 de março de 2012

Meu amor, meu amor

Ainda dizem que não existem heróis. De espada e cinto, e de fato sensacional, não, não os há.
De braço forte, com poder anti-morte, de artilharia pesada,
com resistência contra o mal, esses, não, nunca os haverá.
Mas de corpo flácido, de boca pequena, de riso fácil,
de paciência infinita, de jeito adorável, de bondade pura,
de quem trabalha na vida dura, e come a seco a sua marmita,
de quem engelha as rugas tantas, e dói as costas e amanhã se levanta.
Esse eu conheço. De quem ama sem grandes alaridos,
ama quando dança, quando ralha, quando descansa - e não cansa de ser O Pai.
Esse eu conheço. De quem me orgulha, de quem me enche, de quem me existe
e me faz triste, por envelhecer.
De quem se imortaliza e minimiza quando tem de ser.
Esse eu conheço. Sabem o que é fantástico? Ele vive comigo, e eu sou um bocado dele.

Para o meu pai

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terça-feira, 13 de março de 2012


Desenho a linha do teu rosto com os meus olhos fixos em ti.
Falas, despreocupado, quase desamparado nesse desabafo banal,
e eu fixo-te os movimentos, e conto os momentos em que falhas: exatamente nenhuns.
E numa ingenuidade avassaladora, trocas e tropeças e falas por falar.
e eu escuto, julgo e interiorizo e nunca, mas nunca me farto de ti.
Ainda dizem que não existe perfeição. Claro que ninguém a vê,
afinal habita toda na tua mão.

Achas que exagero. Eu sei que achas que exagero. Eu faço-o de forma consciente.
faço-te para te aumentar - faço-o porque quero 
e sei lá eu o que mais te posso dizer
nada mais acrescenta o que já há pois não?
nada mais, sabe a pouco, nada mais, sabe a soco - da ferida que fazes em não existir.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Fujam

O amor é uma merda. Por isso é que as pessoas emagrecem quando acabam as relações - por culpa dos nervos e realmente, esse aspecto é a única razão válida para se passar por uma separação. Aliás, acho que toda a mulher devia "dar um tempo" de 6 em 6 meses e aconselho que o façam na altura pré-balnear. Eu já terminei algumas relações e incrivelmente não estou mais magra, certamente porque não sofri o suficiente por elas. Bolas! Alguém pode dar-me cabo do coração por favor? Estava mesmo a precisar.

Mas depois existem as mães deles. As mães que nos adoram e que nós não conseguimos deixar. Aliás, nos últimos tempos já não visitávamos o namorado - íamos só lanchar com a pseudo sogra. E o que fazer para conseguirmos acabar com a nossa sogrinha de estimação? Fazemos a única coisa correcta - somos mal educadas no último encontro. Exactamente. Meninas, façam cara feia a beber o chá, digam que o pão é insonso e dêem a machadada final corrigindo-na quando estiver a contar uma história. 

Mas a vida não é assim tão perfeita. Há sempre aquele drama -  quando a besta do nosso o ex, que por sinal ainda não percebeu a utilidade do armário, tem o Nosso casaco (aquele que assenta bem e foi uma pechincha) no seu quarto.

Situação: Batemos à porta e ele não está. Quem abre a porta? A sogra (não se esqueçam, nesta fase vocês já são cabras). Criticaram o chá, o pão e explicaram-lhe (à frente da vizinha) que o 25 de Abril não foi em Novembro, por isso não tenham grande esperança: a extremosa dona de casa, arranjou maneira de :
- Ups querida, tingi o teu casaco sem querer. 

Queridas e queridos não se deixem apanhar por esses malfeitores de cupidos de sangue.  Se o amor fosse bom, a Adele já o tinha dito.